Com estreia marcada para esta quinta-feira, 20/03, às 19h30, no Teatro da Instalação, O espetáculo Deusa Profana — A Aparição da Aparecida visibiliza histórias de resistência de uma população historicamente marginalizada. Com entrada gratuita, mobilidade facilitada, intérprete de Libras e audiodescrição, a peça é criada e protagonizada por pessoas trans e travestis.
A história
Deusa Profana é uma manifestação simbólica que revela a força que mantém uma pessoa trans viva. Entre ruas e bares, histórias de amor, dor e sobrevivência, o espetáculo destaca a pluralidade das travestilidades. Longe de idealizações ou estigmatizações, neste diálogo aberto com a comunidade LGBTQIAPN+, Deusa Profana busca sensibilizar também o público que não faz parte dessa realidade.
Travas no comando
Randy Souza, atriz principal da peça, é uma das responsáveis pela construção da obra, em colaboração com Correnteza Braba, eleita melhor atriz em 2024 pelo Festival de Teatro do Amazonas (FTA).
“É uma abordagem simples, mas talvez por isso mesmo, ainda pouco explorada. No teatro e na TV, travestis são sempre retratadas na miséria ou no glamour extremo — e nenhuma dessas visões nos humaniza. Deusa se conecta com histórias reais, com estratégias de sobrevivência, e mostra ao público não-travesti nossas vivências”, explica Randy.
Além de sua relevância artística, Deusa Profana é um projeto de inclusão social e visibilidade para artistas negros, indígenas, quilombolas e LGBTQIAPN+. A produção valoriza o trabalho de travestis tanto no palco quanto nos bastidores, promovendo o reconhecimento profissional dessa população, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, como igualdade de gênero, redução das desigualdades e trabalho digno.
“O teatro tem um compromisso político e deve ser usado para fazer questionamentos. Em Deusa Profana, trazemos a representatividade de forma honesta, sem idealizações”, reforça Randy.
Time de estrelas
O elenco e a equipe criativa reúnem nomes de destaque. Além de Randy no protagonismo e Correnteza Braba na direção de Deusa, o espetáculo conta com a co-direção e preparação corporal de Andira Angelim, vice-presidente da Casa Miga.
A comunicação é assinada pela artista e performer Ariska Derìì, enquanto a produção é comandada pela multiartista ISIS de Manaus. A sonoplastia é de K4lyope, com iluminação de Paulo Martins, ator e diretor teatral, além do design gráfico de Mura. A peça conta ainda com o apoio da Café Preto Produções Artísticas, na qual Correnteza e Paulo são sócios, do Ateliê 23 e Casarão de Ideias.
O projeto foi contemplado pelo Edital nº 05/2023 — Lei Paulo Gustavo de Fomento às Artes e Cultura, que destina recursos para produções culturais que promovem inclusão e diversidade.
Por tudo o que representa, Deusa Profana viabiliza histórias de travestilidades para além da dor.
“Como atriz, me faço de plataforma para essas histórias, que são minhas inspirações e espelhos. Eu, literalmente, possibilito palco para essas vidas”, conclui Randy.
